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PESQUISA

Patrimônio em pixels: estudantes recriam a Lapa da Pedra em ambiente virtual 3D

Pesquisa do IFG/Câmpus Formosa sobre arte rupestre alia arqueologia, tecnologia e educação patrimonial; projeto venceu o SICT Local 2024 na categoria Ensino Superior

  • Publicado: Quinta, 04 de Setembro de 2025, 16h43
  • Última atualização em Sexta, 05 de Setembro de 2025, 10h35
imagem sem descrição.

Quando pensamos em museus a céu aberto, é comum que nos venha à mente o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, reconhecido mundialmente pelas pinturas rupestres. Mas Formosa, no coração de Goiás, guarda em suas rochas registros igualmente valiosos da presença humana pré-histórica no Planalto Central. É nesse cenário que nasceu a pesquisa Iconografia das tradições: um estudo acerca da arte rupestre formosense com vistas à criação de um banco de imagens – A Lapa da Pedra (ou Toca da Onça), desenvolvida no Câmpus Formosa do Instituto Federal de Goiás (IFG) e premiada no Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica (SICT) Local do ano passado.

Conduzida pelo estudante concluinte de Licenciatura em Ciências Biológicas, Ramon Almeida Rodrigues, e pelo egresso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Erik Takeshi Miura, sob orientação dos professores Edson Rodrigo Borges e Afrânio Furtado Neto, a investigação uniu ciência arqueológica e inovação tecnológica para criar um banco digital de imagens, um modelo 3D fotorrealista e até mesmo um ambiente virtual interativo da gruta. O material já está disponível ao público pelo site https://arqueologiaformosa.com.br  .

 

Passado e futuro 

Vista de cima do paredão rochoso da Lapa da Pedra

Vista de cima do paredão rochoso da Lapa da Pedra

“A pesquisa científica é um dos pilares da sociedade moderna. Sem ciência, muitas das melhorias que nós vemos e vivemos hoje em dia não seriam possíveis”, afirmou Erik Takeshi Miura.

Localizada em uma fazenda particular na zona rural de Formosa, a Lapa da Pedra — também conhecida como Toca da Onça — concentra alguns dos mais expressivos registros rupestres do Cerrado. Gravuras geométricas, círculos, linhas e marcas semelhantes a pegadas foram produzidas há cerca de 4.500 anos, utilizando pigmentos minerais e vegetais. Esses símbolos fazem parte da chamada Tradição Simbolista, um dos sistemas de expressão gráfica que compõem a vasta diversidade da arte rupestre brasileira.

O local é mais que um abrigo sob rocha: é um arquivo histórico natural, comparável a uma biblioteca em que cada figura pintada funciona como uma página escrita por mãos anônimas do passado. Como lembra o pesquisador Pedro Ignácio Schmitz, um dos maiores arqueólogos do Brasil, compreender essas imagens é compreender também os modos de vida, os rituais e a cosmovisão dos primeiros habitantes do continente. 

Pinturas rupestres em gruta na Toca da Onça

Pinturas rupestres em gruta na Toca da Onça

 

Drones, softwares e realidades virtuais

Drone registra imagens da lapa
Drone registra imagens da lapa

A preservação desse patrimônio, no entanto, enfrenta ameaças: turismo desordenado, pichações, intempéries e o desgaste natural do tempo. Para enfrentar esse desafio, os estudantes aplicaram técnicas de fotogrametria, processo que utiliza a sobreposição de centenas de imagens aéreas e terrestres para gerar modelos tridimensionais detalhados.

“É através destes projetos que a gente consegue sair um pouco da parte teórica e viver novas experiências na prática e nos conectar com outras áreas de conhecimento também”, declarou Ramon Rodrigues.

Com o auxílio de um drone Phantom 4, câmeras de alta resolução e o software Agisoft Metashape, foi possível criar uma nuvem de pontos que deu origem a um modelo 3D da gruta. Esse modelo foi refinado e exportado para a plataforma Unreal Engine 4.27, ferramenta de ponta utilizada em jogos digitais e cinema, mas que aqui ganhou um novo propósito: transformar um sítio arqueológico em experiência imersiva de visita virtual.

O resultado é um ambiente digital no qual qualquer pessoa pode “entrar” na gruta, observar os painéis de arte rupestre e interagir com o espaço — sem causar impacto físico ao local. É como se a arqueologia tivesse encontrado a realidade virtual para democratizar o acesso ao patrimônio cultural.

 

Banco de imagens

Ambiente virtual para exploração do local
Ambiente virtual para exploração do local

Além do ambiente virtual, o projeto produziu um banco de imagens digital de acesso público. As fotografias e modelos 3D permitem que pesquisadores, professores e estudantes aprofundem estudos, façam comparações com outros sítios arqueológicos e explorem o acervo de forma segura.

Os próximos passos previstos incluem a produção de réplicas em impressoras 3D, que poderão ser levadas a escolas ou utilizadas por pessoas com deficiência visual, garantindo que a experiência de contato com a arte rupestre seja também tátil e inclusiva.

 

Patrimônio histórico e cultural

Pesquisadores premiados no SICT Local 2024

Ao ser enaltecida no SICT Local 2024, a pesquisa reafirma o papel do Câmpus Formosa como espaço de produção científica que dialoga com demandas locais e globais. “Ela [A pesquisa] me possibilitou compreender de uma forma mais profunda as representações rupestres e a importância que isso tem pra história da minha cidade”, justificou Ramon Rodrigues, reconhecendo o valor do estudo para a preservação do patrimônio.

Sendo um dos objetivos do Instituto Federal de Goiás o incentivo à preservação do patrimônio sociocultural – e histórico – da região de influência do câmpus, é possível afirmar que a pesquisa colabora para este papel. No passado, as populações que habitaram o Cerrado deixaram nas rochas seu legado. Hoje são os estudantes que, com apoio de professores e tecnologias emergentes, assumem o compromisso de preservar, estudar e divulgar esse patrimônio.

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 “A gente acha que a ciência está muito distante, no laboratório, em algum outro lugar, mas a ciência é feita ali, na universidade, mesmo, na faculdade, na instituição por estudantes e professores como nós”, refletiu Takeshi.

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Tem Ciência no IFG!

A nova temporada da série Tem Ciência no IFG!, produzida pela Coordenação de Comunicação Social em parceria com a Gerência de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão (Gepex), é inaugurada com a participação de Ramon Rodrigues e Erik Takeshi Miura, estudante e egresso de Ciências Biológicas e Análise e Desenvolvimento de Sistemas, respectivamente. Outros quatro episódios serão apresentados até o início de outubro, mês do SICT Local 2025 e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

 

 --> Assista à entrevista completa no canal IFG-Câmpus Formosa, no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=KDH7n2q2NTY 

Visite o banco de imagens e o ambiente virtual no site https://arqueologiaformosa.com.br  

 

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Imagens: Banco de Imagens CCS / Arquivo pessoal Erik Miura

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Formosa

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